O OBSERVADOR

| sexta-feira, 11 de agosto de 2017 | |



Minha cabeça dói, esses malditos pensamentos não me deixam, preciso sair, terminaram meus cigarros. Gosto de andar em meio às pessoas, elas nem sequer me notam, ou mesmo desviam de mim, passam como se eu não estivesse ali.


Enfim chego ao meu tormento novamente, um apartamento sujo e mal iluminado, com suas muitas goteiras e pó em cima dos móveis... Ao menos tenho meus cigarros... Nada mais importa.

Não durmo, não como, apenas vago por aí olhando as pessoas, brigas, assassinatos, estupros.

Hoje pela manhã podia jurar que ouvi alguém andar pela casa, impossível, talvez algum drogado achando que o lugar era abandonado, não o culpo. Agora estou deitado, definhando... Esperando ele me buscar. 

Quem é ele? Não importa... Ele sempre vem nos buscar. Sempre está nos observando, minha irmã veio ao meu apartamento junto de minha mãe, insiste que devo partir com elas... Eu não quero.

Na busca por mais cigarros, uma criança me olhou hoje, me encarou, fiquei surpreso, ele está aqui, não quero ir, me deixe... É minha palavra final. A menina está chamando sua mãe e apontando para mim. 

Isso sempre me diverte, ela pergunta a mãe por que ao invés de pulmões tenho dois buracos que deixam cair pedaços de carne podre... “ Que homem filha? Ali não há ninguém.“ Por isso não vou partir, amo a expressão das crianças em pânico... Enquanto suas mães tentam fazer com que acreditem que não estou aqui.

Gosto de andar entre as pessoas, elas nem sequer me notam. Mas eu posso ver... Posso ver todos


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