A Cruz do Patrão

| domingo, 13 de agosto de 2017 | |

A Cruz do Patrão, segundo os moradores , é o lugar mais assombrado da cidade de Recife. Ela fica onde antes existia um estreito que ligava o Recife a Olinda, às margens do Rio Beberibe. A Cruz do Patrão é uma coluna de alvenaria, erigida não se sabe precisamente quando. Ela servia de baliza para os barcos que chegavam para atracar. E tornou-se ponto de encontro com almas penadas...
 

A cruz pode ter sido construída a mando do patrão-mor do porto, cargo que já existia em 1654. O monumento é uma testemunha silenciosa de épocas remotas. Lá eram enterrados os negros mortos durante as viagens nos navios negreiros vindos da África. A areia da maré facilitava esses sepultamentos improvisados.


A cruz do patrão foi considerado um lugar tomado por aparições espectrais, sons de gemidos e arrastar de correntes: o lugar mais mal-assombrado da cidade. Certamente os espíritos dos escravos arrancados de sua terra natal para perecer na jornada rumo ao cativeiro ainda vagueiam pela noite, presos pelos grilhões da injustiça. Além disso até o século XIX, no local também eram fuzilados os militares condenados à pena capital.


Acreditava-se que todo aquele que passasse pelas imediações da Cruz do Patrão à noite veria almas penadas ou seria perseguido por terríveis espíritos. Muitos dos que o fizeram desapareceram sem deixar traços.

No começo do século XX, um estudante foi assassinado naqueles ermos e um soldado foi preso acusado pelo crime. Tempos depois se descobriu que o culpado seria outro sujeito – ele teria confessado que praticou o crime motivado por um “espírito infernal”.


Por essas e outras, muita gente preferia o caminho mais longo entre Olinda e Recife, evitando passar pelo estreito guardado pela a Cruz do Patrão. Isso tornava o lugar um ponto ideal para reuniões de feiticeiros praticantes das artes mágicas vindas do continente africano. 


Pesquisas arqueológicas recentes não demonstraram nenhum indício de qualquer cemitério clandestino no entorno da Cruz. Mesmo quase esquecida pela população, a coluna gigante jaz impávida, adornado com a sua beleza austera o cenário retilíneo e acinzentado do Porto do Recife.


Entretanto é difícil negar a existência de alguma relação do monumento com o sobrenatural. Como explicar que tenha resistido por séculos às investidas da maresia, às constantes reformas no terreno e principalmente à falta de cuidado das autoridades com muitas das construções históricas?Se você sentir impulso de chegar mais perto, a recomendação é que o faça durante o dia, no máximo até o porto do sol, para ver como o crepúsculo pinta de tons belos e sinistros aquela região na cidade. Quando cai a penumbra, a Cruz do Patrão se torna domínio de todo tipo de fantasma e assombração. Pelo menos é o que ainda garantem alguns…melhor não arriscar, não é?


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